Estresse causado pela pandemia faz crescer casos de bruxismo


por Gabriela Bonin | Folhapress

Estresse causado pela pandemia faz crescer casos de bruxismo
Foto: Reprodução / Pixabay

O estresse e a tensão gerados pela pandemia podem trazer consequências para além da saúde mental da população. O número de atendimentos por dentes quebrados sem motivo aparente quase dobrou em 2021, segundo dados da OdontoCompany, rede de clínicas odontológicas.
 

Segundo Ben Hur Morimatsu, cirurgião dentista e diretor de controle de qualidade da OdontoCompany, o bruxismo pode também estar relacionado a fatores genéticos e respiratórios, mas, durante a pandemia, questões psicológicas, como a ansiedade, afetaram diretamente a incidência de desgaste nos dentes.
 

O bruxismo é mais frequente em crianças e ocorre durante o sono. "Quanto pior a qualidade do seu sono e mais leve ele for, mais episódios de bruxismo você apresenta e mais você usa a musculatura", explica Andréa Lusvarghi Witzel, cirurgiã dentista e professora da Faculdade de
 

Odontologia da USP.
 

A estrutura é a ATM (articulação temporomandibular), que liga a mandíbula ao crânio e permite ações como mastigação e fala. Ao grupo de condições que causam dores e perturbações na musculatura e na articulação da região, dá-se o nome de DTM (disfunções temporomandibulares).
 

"As DTMs são consideradas um guarda-chuva para várias doenças, porque você tem várias alterações diferentes dentro da disfunção temporomandibular", ressalta a professora.
 

Mais comum em mulheres, as disfunções causam dores que podem ser incômodas no dia a dia dos pacientes. Acometem mais pessoas entre 20 e 40 anos.
 

Dentre muitos problemas que podem atingir a ATM, estão a mialgia (dor muscular local), dor miofascial (dor crônica muscular que se irradia da articulação para diferentes partes do corpo) e desvios na abertura da boca.
 

Os sintomas de cada disfunção são diferentes, mas, no geral, incluem dores de cabeça, de ouvido, no maxilar e na face. DTMs podem limitar a mastigação e a movimentação da mandíbula e causar estalos e crepitações.
 

Primeiro passo é orientar o paciente Cirurgiões dentistas reforçam que problemas na articulação temporomandibular e dores consequentes do bruxismo são, em sua maioria, resolvidos com tratamento não invasivo.
 

"O primeiro passo [no tratamento] é orientar o paciente", diz Andréa Lusvarghi Witzel, cirurgiã dentista e professora da Faculdade de Odontologia da USP.
 

No caso do bruxismo, a melhoria da qualidade de sono é essencial. Especialistas recomendam evitar o uso de telas e atividades físicas próximo ao horário de dormir e manter uma rotina com horários estabelecidos para se deitar e levantar.
 

Além disso, a utilização de uma placa nos dentes na hora de dormir diminui o desgaste resultado do bruxismo. Andréa cita a existência de aplicativos de celular que, de tempos em tempos, enviam notificações para que o paciente lembre de soltar a tensão dos dentes.
 

Fisioterapia, medicamentos, acupuntura e técnicas com uso de laser também são opções no tratamento das disfunções da ATM. Caso nenhuma dê resultado, a cirurgia surge como última opção para resolver os incômodos.
 


 

SAIBA MAIS
 


 

BRUXISMO
 

O bruxismo é a desordem caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes, principalmente durante a noite
 

Causa desgaste nos dentes e dores de cabeça
 


 

Tipos de bruxismo
 


 

De vigília
 

A pessoa range ou morde os dentes enquanto está acordada, como em momentos de estresse, nervosismo ou concentração
 


 

De sono
 

Mesmo dormindo, a pessoa range os dentes em movimentos esporádicos
 


 

Disfunções
 


 

A ATM (articulação temporomandibular) é a estrutura anatômica que liga a mandíbula ao crânio. São dois ossos, a mandíbula e o osso temporal, e, entre eles, há um disco articular
 

As DTMs (disfunções temporomandibulares) são um grupo de condições que causam dores e perturbações musculares ou articulares na região da ATM
 

Atingem mais mulheres que homens e são mais comuns na faixa etária dos 20 aos 40 anos
 


 

Sinais e sintomas
 


 

Dor muscular
 

Dor maxilar
 

Dor de ouvido
 

Dor de cabeça
 

Dor na face
 

Limitação nos movimentos mandibulares
 

Estalos e crepitações
 


 

Causas
 


 

Fumo, álcool ou drogas
 

Estresse e ansiedade
 

Arcada dentária irregular
 

Prática de esportes de alto rendimento
 

Apneia
 

Problemas neurológicos
 

Uso de algum determinado medicamento
 


 

Diagnóstico
 


 

Exames dentários observam desgastes e alterações na estrutura
 

Na polissonografia (exame do sono) são identificados os movimentos do ranger dos dentes
 

Relato de quem convive com a pessoa ajuda a identificar o problema
 


 

Como tratar
 


 

Melhoria na qualidade de sono
 

Uso de placa oclusal (placa para bruxismo)
 

Corrigir técnicas de mastigação e evitar comidas mais duras no período de dor aguda
 

Fisioterapia
 


 

NA INFÂNCIA
 


 

É comum crianças rangerem os dentes para encontrarem uma posição de encaixe melhor, o que não pode ser confundido com bruxismo
 

É preciso um diagnóstico correto de um especialista para saber se há o hábito
 


 

Fontes: Andréa Lusvarghi Witzel, cirurgiã dentista e professora da Faculdade de Odontologia da USP; Ben Hur Morimatsu, cirurgião dentista e diretor de controle de qualidade da OdontoCompany; Conselho Regional de Odontologia de São Paulo


Fonte Bahia Noticias

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